
Sou uma palavra amável proferida e repetida
Pela voz da Natureza;
Sou uma estrela caída da
Tenda azul sobre o tapete verde.
Sou a filha dos elementos
Com quem o Inverno concebeu;
A quem a Primavera deu à luz; eu fui
Erguida ao colo do Verão e eu
Dormi na cama do Outono.
De madrugada eu uno-me à brisa
Para anunciar a chegada da luz;
Ao cair da noite eu junto-me aos pássaros
Nas despedidas da luz.
As planícies estão decoradas com
As minhas belas cores, e o ar
Está perfumado com a minha fragrância.
Enquanto eu abraço o Sono os olhos da
Noite olham por mim, e quando eu
Acordo eu olho para o Sol, que é
O único olho do dia.
Eu bebo orvalho em vez de vinho, e escuto
As vozes dos pássaros, e danço
Com o balanço rítmico da relva.
Eu sou o presente do amante; eu sou o ramo do
casamento;
Eu sou a memória dum momento de felicidade,
Eu sou o ultimo presente dos vivos aos mortos;
Eu sou uma parte de alegria e uma parte de tristeza.
Mas olho para cima e vejo apenas a luz,
E nunca olho para baixo para ver a minha sombra.
Esta é a sabedoria que o homem deve aprender.
( Lágrimas e risos- Kahlil gibran )
4 comentários:
Sejamos então flores como tu: quanto á sombra, já os Essénios diziam que devemos dar tanto espaço à luz na nossa vida, que a sombra se anule por falta de cabimento... continua a olhar para o sol, minha flor!
"A canção da flor" foi uma belíssima homenagem à poesia. Escolheste muito bem e certamente toda a gente estará de acordo. "Mas olho para cima e vejo apenas a luz" - esperança e uma bela mensagem nos últimos versos dum belo poema…
p/eveontheclouds- Se o Sol é o único olho do dia, só uma irmã flor como tu poderá iluminar-me assim...
p/amaral- Obrigada pelo elogio acerca do poema, que eu também acho lindissimo, assim como quase tudo o que leio do Kahlil.Quando o publiquei, pensei no dia da árvore e só depois de ir ao teu blog é que soube que era o dia da poesia.De qualquer forma a Natureza e a poesia caminham juntas e pelo que li na tua página, estamos ambos dedicados a espalhar beleza, esperança e luz...
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